Fisiculturismo feminino: entenda como surgiu e qual o panorama atual
Ainda cercado de preconceitos e barreiras culturais, o fisiculturismo feminino é uma modalidade relativamente recente, mas está em pleno crescimento e a cada ano as competições ganham mais participantes e audiência.
Contrastando com o estereótipo de fragilidade feminina, as fisiculturistas são mulheres que treinam pesado para desenvolver o próprio corpo e superar limites de força e hipertrofia muscular. E além de suar nos treinos, elas ainda precisam lidar com o julgamento de pessoas que acham que o fisiculturismo é apenas para homens.
Neste artigo, vamos explicar como surgiu o fisiculturismo feminino, quais foram as iniciativas pioneiras e o que esperar da modalidade nos próximos anos. Boa leitura!
Origens do fisiculturismo feminino
A musculação em si é uma prática milenar. Existem relatos de treinamentos de peso para amplificação da força em homens e mulheres desde a antiguidade, entre gregos, egípcios e outras civilizações ancestrais.
Porém, as competições e embates entre os atletas geralmente envolviam feitos de força e resistência, como o levantamento de pesos. A simetria e o desenvolvimento muscular em si não eram critérios de nenhum tipo de disputa esportiva, o que mudou em 1940, quando começaram as primeiras competições de bodybuilding nos Estados Unidos e na Inglaterra.
Nessa época, ainda não existiam categorias femininas e era praticamente um tabu o desenvolvimento muscular em mulheres. Contudo, isso não impediu algumas pioneiras de se arriscar no esporte como a lendária Abbye “Pudgy” Stockton, que fazia exibições de força em conjunto com o marido Les Stockton, também fisiculturista, em praias dos Estados Unidos.
Abbye se tornou famosa e chamou atenção para o fisiculturismo e o levantamento de pesos feminino. Hoje parte do Hall da Fama da IFBB (Federação Internacional de Fisiculturismo & Fitness), ela chegou a ganhar o título de “Miss Physical Culture Venus” duas vezes, um prêmio da revista Physical Culture.
Para se ter uma ideia, Abbye foi considerada como uma versão feminina de John Grimek, o lendário e pioneiro fisiculturista que era o principal nome do esporte na época e um dos mais importantes até hoje.
Além de Abbye, outras mulheres também se envolveram com o fisiculturismo feminino, como a modelo Betty Brosmer, que hoje é conhecida pelo seu nome de casada, Betty Weider.
Entretanto, sem competições e suporte, a cena do fisiculturismo na época era apenas uma curiosidade, com muitas mulheres exibindo seus corpos e feitos em circos, em vez de provas formais.
Na década de 60, o fisiculturismo feminino esfriou, ao mesmo tempo em que parte da sociedade resgatava valores conservadores e machistas sobre o papel da mulher. Só que com no final dos anos 70 o feminismo voltou a ganhar força e, com ele, essa modalidade esportiva.
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As primeiras competições do fisiculturismo feminino
A primeira competição oficial de fisiculturismo feminino que se tem notícia, com foco exclusivo no desenvolvimento muscular e simetria, foi a Ohio Regional Women’s Physique Championship, um pequeno torneio no estado de Ohio, nos Estados Unidos, realizado em novembro de 1977.
Nos anos seguintes, surgiram diversas outras iniciativas e competições pulverizadas com a participação de mulheres que em maior parte eram modelos ou levantadoras de peso.
Apenas em agosto de 1979 é que aconteceu o campeonato The Best in the World, que foi o primeiro evento sancionado pela IFBB voltado para mulheres, considerado o precursos no Ms. Olympia, que é a versão feminina do Mr. Olympia que teve sua primeira edição apenas em 1980.
Entre as pioneiras da época, se destacam nomes como Laura Combes, Lisa Lyon, Cammie Lusko e Kay Baxter. E apesar de ser uma competição de fisiculturismo e não um desfile de moda, as competidoras precisavam se apresentar de saltos altos e não podiam realizar certas poses consideradas “masculinas”, como o duplo bíceps e a expansão de dorsais. Não era permitido a elas nem mesmo fechar os punhos na apresentação.
A situação muda um pouco nos anos 80 e 90, quando o esporte começa a ser mais reconhecido e nomes como Cory Everson, Lenda Murray e Kim Chizevsky dominam o Ms. Olympia e ajudam a modalidade a alcançar uma audiência maior.
Ao mesmo tempo, os valores sociais e a percepção da mulher na sociedade evoluem, o que ajuda a derrubar um pouco do preconceito em relação ao fisiculturismo feminino.
Mudanças de regras e o reinado de Iris Kyle nos anos 2000
Hoje, o fisiculturismo feminino já conta com competições consolidadas em todo o mundo, com diversas categorias e muitas atletas que se dedicam exclusivamente ao esporte. Ainda assim, são muitos os desafios que a modalidade encontra, especialmente em relação ao preconceito de parte da sociedade.
Em 2004, o presidente da IFBB Jim Manion publicou a polêmica regra dos 20%, em que ele exigia que, por razões de saúde e estéticas, as competidoras deveriam reduzir a massa muscular em 20%. A medida deixou a comunidade fisiculturista confusa e atônita, especialmente porque não especificava com clareza quem seria afetada por ela.
Uma das “vítimas” da novidade foi Iris Kyle, que perdeu tanto o Ms. Olympia como o Ms. International de 2005 para Yaxeni Oriquen-Garcia, mas, nos anos seguintes, Iris se adaptou e continuou sua lendária carreira com mais de 15 títulos da IFBB, além de 10 vitórias no Ms. Olympia.
O momento atual do fisiculturismo feminino
Em 2014, o Ms. Olympia em si deixou de existir, mas as mulheres continuam competindo em divisões do Mr. Olympia como o Fitness Olympia e o Bikini Olympia. Além disso, existem inúmeros campeonatos e torneios locais espalhados pelo mundo.
No momento atual, o fisiculturismo feminino está expandindo em audiência com categorias como a Bikini e a Wellness, que valorizam corpos “mais femininos”.
Apesar dos critérios dessas competições avaliarem aspectos baseados em valores conservadores, o lado positivo é que elas levam mais participantes para o esporte, que desenvolvem o corpo em padrões diferentes.
A tendência nos próximos anos é que mais competições do tipo apareçam. E, ao mesmo tempo, com público feminino das academias de musculação em crescimento, é esperado que mais categorias e competidoras despontem nos próximos anos, com o esporte atraindo não apenas mais atletas como também mais público entre as mulheres.
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Diogo Círico
NutricionistaGraduado em nutrição em 2007 pela Faculdade Assis Gurgacz, pós-graduação em Nutrição e Atividade Física - 2012, pós-graduação em Nutrição Funcional Esportiva - 2017, desde o inicio buscou destinar suas atividades à nutrição esportiva e também a área de tecnologia de alimentos. À frente das ações técnicas da industria Growth Supplements desde sua criação, já somam-se mais de 10 anos de dedicação, trabalho e pesquisas laboratoriais no desenvolvimento de novos produtos.Hoje suas ações como nutricionista dividem-se entre assessoraria de alguns atletas patrocinados pela Growth Supplements, redação de material técnico cientifico como estes disponíveis no blog GSuplementos e também na liderança da equipe de técnica Growth Supplements .Diogo Cirico; Nutricionista esportivo CRN 10 - 2067