Ácido lático, lactato e exercícios físicos: entenda de vez essa relação

Growth 13/04/2020

As dores relacionadas às atividades físicas podem ter significados diferentes. Isso acontece porque a dor pode surgir durante ou logo após os exercícios, apenas 24 horas depois (dor tardia) ou até ser decorrente de uma lesão. Quem pratica esportes ou treina com frequência precisa entender as diferenças e a origem dessas dores, a fim de evitar danos à musculatura.

No primeiro caso, ou seja, dor durante ou logo após os treinos, há uma relação direta com uma substância chamada lactato. Ela é frequentemente associada com o ácido lático, outra molécula produzida pelo organismo humano. Apesar disso, apenas o lactato tem papel de destaque no mecanismo de dor muscular, ao contrário do que muitos acreditam.

Neste artigo, esclarecemos qual é a relação entre atividade física e o lactato, assim como qual é o papel de cada uma dessas substâncias no organismo e na gênese da dor muscular. Confira!

Afinal, qual é a diferença entre o lactato e o ácido lático?

Provavelmente, você, praticante de atividades físicas, já culpou mentalmente o ácido lático pelas dores musculares desagradáveis que aparecem após treinos intensos ou prolongados. No entanto, essa substância não pode ser tachada de vilã por esse motivo.

Isso porque o ácido lático é produzido pelo organismo durante todo o dia, e não apenas quando se realiza atividades físicas. Afinal, durante o transporte de oxigênio para as células musculares pelos glóbulos vermelhos, o que ocorre ininterruptamente, há produção dessa molécula como resíduo.

Na circulação sanguínea, o ácido lático perde prótons, tornando-se uma molécula com carga negativa. Porém, ela pode se ligar a íons com carga positiva de outras substâncias, como o H+. Dessa forma, a molécula sofre uma mudança em sua estrutura, passando a se chamar lactato. É importante salientar que, na literatura, os termos lactato e ácido lático são frequentemente usados ​​de forma intercambiável, mas o lactato é estritamente uma base fraca, enquanto o ácido lático é o seu ácido correspondente.

O aumento da produção e concentração de ácido lático após uma situação de hipóxia é na verdade uma situação de exceção e não de regra, visto que a sua produção ocorre em situações de normóxia (taxas de oxigênio normais). Isso significa que o ácido lático é apenas uma molécula intermediária e suas implicações são irrelevantes para o metabolismo humano.

Qual é o mecanismo de dor muscular e a relação com o lactato?

Durante os treinos, é preciso que a glicose seja metabolizada a fim de gerar energia química. Na primeira fase desse ciclo, o piruvato é formado lentamente e, depois, entra nas células, produzindo uma maior quantidade de energia, o que é feito em um maior intervalo de tempo.

No entanto, em atividades físicas que demandam grande contingente de energia, como os treinos extenuantes ou prolongados, o corpo precisa optar por uma via que produza energia mais rapidamente. Nesse caso, o lactato é formado. É importante salientar que, nesse caso, o fornecimento de energia ocorre sem a presença de oxigênio (metabolismo anaeróbico láctico), visto que o suprimento de oxigênio nem sempre é o suficiente para finalizar as atividades físicas.

O lactato se torna energia e desaparece. No entanto, o ácido H+ está presente na corrente sanguínea. O bicarbonato de sódio se une a esse íon, a fim de transformá-lo em água e gás carbônico. Em certas situações, o estoque de bicarbonato de sódio termina, deixando ácidos livres, o que pode gerar uma hiperacidez no meio extracelular, causando dor e desconforto durante ou logo após o exercício. Em alguns casos, o incômodo é tão grande que é preciso interromper a atividade física.

Como é a degradação do lactato?

A maior parte do lactato produzido durante e após os exercícios físicos é removida pelo mecanismo de oxidação no músculo que o produziu para gerar energia extra.

Além disso, acredita-se que o tipo de fibra que constitui um determinado grupo muscular pode influenciar na remoção do lactato, visto que as fibras de contração lenta teriam maior capacidade de oxidação do que as fibras de contração rápida. Entre os grupos musculares com grande percentual de fibras lentas é possível citar, por exemplo, o antebraço, com quantidade superior a 50%.

Também afirma-se que, sob condições normais, o lactato é rapidamente eliminado pelo fígado, com uma pequena quantidade de liberação adicional pelos rins.

Por quais motivos atletas de alto nível acompanham os níveis de lactato?

Atualmente, entende-se que o lactato é uma substância produzida sem interrupção sob condições aeróbias e com funções extremamente importantes no organismo humano. Além de ser substrato energético, inclusive para o sistema nervoso central, essa molécula também é considerada como sinalizadora e, por isso, chamada por alguns autores de “lactormônio”.

A dosagem do lactato permite que a capacidade de exercício seja avaliada, assim como o monitoramento da intensidade de treinamento dos atletas. Dessa forma, a dosagem sanguínea dessa substância é uma forma simples e prática de obter uma avaliação do metabolismo do lactato e da capacidade anaeróbica de um atleta.

Para tanto, o atleta é submetido à realização de exercício com cargas crescentes e são feitas coletas sanguíneas seriadas após a realização para detectar o nível de lactato. Quando a concentração da molécula excede o valor de 4,0 mmol/L, significa que o atleta atingiu o limiar anaeróbico. Isso significa que a carga ou intensidade do esforço anterior é o máximo que deve ser realizado pelo atleta.

Isso é interessante porque a dosagem de lactato consegue fornecer informações importantes para o atleta e o treinador em relação à situação atual de sua capacidade física, performance e tipo de treino ideal. O dado também permite avaliar as demandas metabólicas do corpo e a capacidade máxima dos estímulos físicos, evitando desgastes e lesões que podem atrapalhar a produtividade nos treinos e até a carreira dos atletas.

E então, entendeu a relação entre o ácido lático, o lactato e os exercícios físicos? Esperamos que com a leitura deste artigo todas as suas dúvidas sobre o assunto tenham sido sanadas!

Que tal compartilhar o post em suas redes sociais? Assim mais pessoas podem se manter informadas e esclarecer a diferença entre as duas moléculas e suas funções no organismo humano!

Isto foi útil?

Obrigado pelo seu feedback!
Visitado 1.494 vezes, 1 visita(s) hoje.
    Growth

    Growth

    Nutricionista

    Texto produzido pela equipe da Growth Supplements com supervisão do nutricionista Diogo Círico (CRN 10 – 2067).