Entenda como funciona a dieta paleolítica

Diogo Círico 15/07/2017

Você já ouviu falar da dieta paleolítica?

Conhecida por limitar o consumo de alimentos industrializados, ela ganhou popularidade nas últimas décadas, fazendo com que dúvidas e até polêmicas surgissem.

Pensando nisso, desenvolvemos um conteúdo que tem como prioridade esclarecer os principais pilares da dieta paleolítica, suas implicações positivas e negativas e, além disso, mostrar o que a ciência diz sobre ela.

E então, vamos lá? Tenha uma ótima leitura!

O que é a dieta paleolítica?

A dieta paleolítica prega que o ser humano deve consumir alimentos da mesma maneira que nossos antepassados. É dito que naquela época, ou seja, no período paleolítico, a principal fonte de alimentos vinha das proteínas.

Ou seja: você pode comer apenas aquilo que se pode coletar, caçar ou tirar da terra.

Os humanos consumiam quase completamente alimentos de origem animal (carnes vermelhas, ovos e peixes), porém também se alimentavam daquilo que poderia ser encontrado na natureza, como frutas e vegetais.

Itens proibidos na dieta, por não terem sido consumidos naquela época, são os seguintes:

  • açúcares;
  • sal;
  • óleos refinados;
  • grãos;
  • leite (a não ser o leite materno, consumido ao nascer);
  • cereais.

De acordo com a história, esses alimentos só começaram a serem consumidos após a revolução agrícola, que ocorreu “apenas” há 10 mil anos.

Quando levamos em conta que o período paleolítico se iniciou há mais de 2 milhões de anos, a adoção desses alimentos na rotina do ser humano é, de fato, bem recente.

Os estudos e discussões sobre a dieta paleolítica começaram a acontecer em meados dos anos 80, porém ganharam uma popularização muito grande a partir dos anos 2000 e são recorrentes até hoje.

Por que adotar a dieta paleolítica?

De acordo com os adeptos dela, a dieta paleolítica é especialmente benéfica, por ser comprovado que nossos genes foram moldados no período paleolítico. Sendo assim, nosso corpo estaria preparado justamente para receber aquela seleção de alimentos em especial.

Já que a revolução agrícola é muito recente, então, o organismo do ser humano ainda não se encontraria preparado para ingerir os novos alimentos originados a partir dela, por ainda não ter conseguido se adaptar.

Esse seria, inclusive, o motivo que justifica a grande quantidade dos transtornos surgidos no mundo moderno e que possuem a alimentação como um dos fatores de causa — como a diabetes de tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e a obesidade.

Para comprovar a eficácia da dieta no dia a dia, foram realizados estudos com populações modernas de caçadores, como é o exemplo dos australianos aborígenes.

De acordo com a pesquisa, essas pessoas, quando em sua cultura original, eram menos suscetíveis a doenças crônicas e, ao serem inseridas no estilo de vida que a sociedade moderna tem — incluindo aí a alimentação —, começam a desenvolver as mesmas doenças endêmicas de nossa época.

Quais são suas implicações negativas?

Não tem como citar a dieta paleolítica sem abordar todos os indícios de que ela pode se tornar um problema, caso não seja administrada de forma correta. E um dos principais motivos é que, no passado, os hábitos do ser humano eram completamente diferentes do que são agora. Por exemplo: você sabia que nossos gastos energéticos atualmente equivalem a 68% daqueles gastos pelos paleolíticos?

Isso comprova que estamos muito mais sedentários, e é um sedentarismo que já está enraizado. Nada daquele papo de “você não praticou esportes há um ano, está muito sedentário!”.

O sedentarismo da sociedade moderna passa muito mais despercebido. Estamos ficando cada vez mais parados, desenvolvendo a capacidade física de nosso corpo cada vez menos e justamente aí se tornando uma população sedentária. Por mais que você pratique esportes regularmente, quando comparado a gerações antigas, você ainda é sedentário!

Na idade da pedra e nos períodos que a sucederam, o ser humano praticava uma carga extremamente diferente de exercícios físicos do que pratica agora.

Nossa função era caçar por sobrevivência, não existiam carros, as distâncias a serem caminhadas eram muito maiores e precisávamos “brigar” frente a frente com animais selvagens para nos protegermos.

Muito mais do que isso, a vida moderna, com seus empregos cada vez mais sedentários, é tão diferente do período paleolítico, que chega a ser injusto comparar os dois períodos e aconselhar que o consumo de calorias se mantenha exatamente o mesmo.

A justificativa do aumento de doenças ligadas à obesidade, como diabetes do tipo 2 e pressão alta, também não é muito plausível, já que esse número se deu há mais ou menos 50 anos, ou seja, muito tempo depois da revolução agrícola.

Uma alimentação não saudável é, com toda a certeza, prejudicial para o ser humano e tem a capacidade de triplicar a incidência de possíveis transtornos, porém não é correto afirmar que 100% deles acontecem em decorrência das mudanças nos hábitos alimentares. É preciso levar outros vários fatores externos em consideração.

O que a ciência diz sobre a dieta paleolítica?

Veja só o que a ciência tem a dizer sobre os principais pilares da dieta paleolítica:

Proteínas

As proteínas são importantíssimas em nossa dieta e devem fazer parte dela, porém o alto consumo desses alimentos pode ser prejudicial de diversas formas. Ele aumenta a excreção de cálcio, o que resulta em casos de osteoporose. Os rins também são prejudicados quando existe um excesso.

Frutas

Comer fruta é muito bom, certo? Claro! Porém, da mesma forma que o excesso é ruim nas proteínas, aqui é a mesma coisa.

O consumo de frutas de forma exagerada, sem o equilíbrio com outros grupos de alimentos, proporciona um acúmulo de frutose no organismo. A frutose é um açúcar, ou seja, em excesso não faz bem, mesmo que venha de frutas.

Sua principal implicação negativa é a seguinte: apenas o fígado consegue processar e quebrar as moléculas de frutose. Sendo assim, quando existe uma ingestão muito alta, o fígado fica sobrecarregado, fazendo com que suas funções sejam comprometidas. As artérias e o coração também podem sofrer.

Baixa aderência da dieta

Estudos e pesquisas afirmam que dietas extremamente restritivas (como a paleolítica) não são muito eficazes. Por mais que tenham a capacidade de levar à perda de peso e à queima de gordura, assim como uma melhora no metabolismo, é fato que esses regimes extremos param de fazer efeito em aproximadamente seis meses após o início delas. O motivo? As pessoas acabam desistindo!

Dietas radicais, a partir de um certo ponto, acabam prejudicando a rotina. Isso acontece, principalmente, pelo fato de não se encaixarem de verdade com o estilo de vida que temos hoje. Sempre tenha em mente que qualquer excesso é ruim, seja ele de comida ou da restrição ela.

Uma dieta deve, acima de tudo, ser prazerosa para você e para a sua saúde. Não caia naquele papo de que “dieta nunca é 100% bom” e que “faz parte sofrer um pouquinho”. Priorize o seu próprio corpo e suas necessidades pessoais.

Quais são seus pontos positivos?

É possível fazer um recorte da dieta e sinalizar uma parte muito importante dela: a exclusão dos alimentos processados. Aparentemente “práticos” e vendidos como uma escolha que se encaixa no cotidiano corrido da população, esses alimentos são perigosíssimos e apresentam sérios riscos para a saúde.

O alto consumo deles está ligado de forma direta com o aumento de colesterol, gorduras e sódio. A longo prazo, podem causar prejuízos até mesmo irreversíveis. São justamente os alimentos processados que possuem o poder de aumentar as chances de desenvolvimento de algumas doenças crônicas.

Pensando nisso, separe esse lado da dieta e a adapte para a sua realidade! Veja abaixo como isso pode ser feito.

Eu posso adotar a dieta paleolítica, então?

A resposta é: sim!

Não é preciso adotar a dieta paleolítica de forma integral, levando-a ao pé da letra, para viver de forma saudável e evitar o surgimento de possíveis doenças da modernidade.

É impossível definir a alimentação exata que a sociedade deve seguir à risca. Diversos pontos devem ser levados em consideração e é, justamente aí, que a dieta paleolítica gera tanta controvérsia.

Os carboidratos, que aparentemente são tão negativos, não devem ser vistos assim. Pense que esse grupo é essencial para nossa nutrição, sendo fundamentais para funções importantes, como a geração de energia para o músculo na hora da atividade física. O problema se encontra justamente na má administração dos alimentos, ou seja, no excesso, que é ruim de qualquer forma.

Não existe o “grande culpado” para as doenças, mas sim uma junção deles. Esteja focado, então, na prevenção do conjunto como um todo. Priorize vegetais, frutas, alimentos frescos e menos industrializados, pratique exercícios regularmente, mantenha-se hidratado e evite hábitos negativos como o cigarro e bebidas alcoólicas.

Além disso, para adotar qualquer dieta, é necessário levar em conta os seus próprios hábitos e o quanto seu corpo carece por certos alimentos. Um atleta de alto rendimento não se alimenta da mesma forma que uma estudante de 20 anos. Um homem de 47 anos, com tendências a desenvolver pressão e colesterol altos, não deve ter os mesmos hábitos alimentares de uma mulher de 47 anos saudável. É necessário, promover uma dieta personalizada de acordo com as suas próprias necessidades.

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Diogo Círico

Diogo Círico

Nutricionista

Graduado em nutrição em 2007 pela Faculdade Assis Gurgacz, pós-graduação em Nutrição e Atividade Física - 2012, pós-graduação em Nutrição Funcional Esportiva - 2017, desde o inicio buscou destinar suas atividades à nutrição esportiva e também a área de tecnologia de alimentos. À frente das ações técnicas da industria Growth Supplements desde sua criação, já somam-se mais de 10 anos de dedicação, trabalho e pesquisas laboratoriais no desenvolvimento de novos produtos. Hoje suas ações como nutricionista dividem-se entre assessoraria de alguns atletas patrocinados pela Growth Supplements, redação de material técnico cientifico como estes disponíveis no blog GSuplementos e também na liderança da equipe de técnica Growth Supplements . Diogo Cirico; Nutricionista esportivo CRN 10 - 2067